As CDLS na frente​

08/03/2018|

13:33

CDL Brusque apresenta a força feminina do comércio

A imagem da mulher responsável única e exclusivamente às tarefas domésticas, a qual esperava todos os dias o marido chegar do trabalho, parece distante da realidade atual. A cena destoa da imagem real que assistimos diariamente: a de mulheres que iniciam cada vez mais cedo sua vida profissional.

A realidade é perceptível em todos os segmentos, na indústria, nos serviços, saúde ou comércio. A figura feminina ganhou espaço e ainda sobe mais degraus no mercado de trabalho. Essa determinação feminina possibilitou a milhares de mulheres o lugar mais alto do pódio: cargos de diretoras, pesquisadoras e empreendedoras em muitas empresas e corporações.

Em Brusque, 231 empresas associadas à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Brusque são comandadas por mulheres. Isso representa 30,2% do total de empresas associadas à entidade. O número é bastante significativo e cresce ano após ano. São mulheres que tiveram a coragem de não só apostarem no próprio negócio, como perseverarem no seu ramo de atividade, mesmo diante de tantos altos e baixos da economia brasileira.

Nesta reportagem conhecemos a história de três líderes do comércio brusquense, cada qual com a sua história, mas que representam a força e a coragem feminina em um mundo que sempre esteve mais aberto à liderança masculina. Ivonete, Nádia e Larissa demonstram que com muita determinação e trabalho, é possível sim ter uma história de sucesso.

De pai…para filha
Aos 40 anos, Larissa Fuzon tem a responsabilidade de comandar um dos mais tradicionais comércios do Centro de Brusque: o Fuzon Lanches. Localizado no coração da cidade, na avenida Cônsul Carlos Renaux, a lanchonete e também restaurante abriu as portas antes da própria Larissa vir ao mundo. Os idealizadores foram seus pais, Nilo Fuzon (in memoriam) e Lourdete Fuzon, que no dia 8 de março de 1972, abriram inauguraram a Fuzon Lanches.

Ela e o irmão mais novo cresceram vendo os pais comandarem a lanchonete, observando o fluxo de clientes. Em meio a isso tudo, Larissa viu crescer em si a vontade de ser educadora. Determinada, foi cursar Pedagogia, na mesma época em que passou a lecionar. “No horário de almoço, ia para a lanchonete ajudar os pais e vivia na correria. Me formei, fiz pós-graduação, até que, em 2007, meu pai me pediu para eu ajudá-lo. Faz 11 anos e, desde então, passei a amar o que faço”, conta.

O começo não foi fácil, já que Larissa sempre gostou da área da educação. Mas, com o tempo, os ex-alunos passaram a visitá-la no comércio da família e ela passou a conhecer ainda mais os clientes do Fuzon. Além disso, tinha de perto os pais, e aprendeu com Nilo a ter a tão chamada ‘veia empreendedora’. Ela passou a gostar tanto de ser comerciante, que trouxe até mesmo o esposo, Rodineli, para trabalhar junto.

Tudo fluía bem até que o dia 3 de dezembro de 2015 trouxe uma notícia triste e inesperada. Nilo Fuzon se despediu da vida de repente, levado por um infarto fulminante. Larissa se viu juntando os pedaços do coração e, ao mesmo tempo, o negócio da família para administrar. “A partir do dia 7 de dezembro de 2015, eu assumi os negócios, e tive que mudar muito a partir daí, porque antes eu acompanhava meu pai, mas ele é que controlava tudo”, revela.

Há pouco mais de dois anos à frente do Fuzon Lanches, Larissa ressalta que os desafios são muitos, mas a atividade é recompensadora. Hoje, sete pessoas fazem parte da equipe, responsável pela área de lanchonete e restaurante. “Eu trabalho muito união, trabalho em grupo. Quando vejo, estamos todos nos ajudando. Aprendi a ter amor pelo que faço, a atender todos da mesma forma com que eu gostaria de ser atendida e é isso que eu passo para as minhas meninas (equipe). Eu adoro atender e as minhas funcionárias se espelham em mim, porque precisamos ser um espelho, não podemos cobrar uma coisa e sermos outra. Eu não sou perfeita, não cobro perfeição de ninguém, mas cobro um bom atendimento”, enfatiza.

Empresária cuida do negócio da família

A mulher no comando
Quando o telefone toca na loja Alecesar e pergunta por Ivonete, quem atende já sabe que do outro lado da linha, é um daqueles clientes antigos, que fazem questão de serem atendidos pela dona da loja. Afinal, é uma relação construída há 36 anos no bairro Dom Joaquim.

Ivonete Terezinha Hort também tem uma história antiga com o comércio de Brusque. Ainda solteira ajudava os pais na loja de secos e molhados que mantinham no bairro Guarani, onde moravam. Foi ali inclusive que conheceu o esposo, Isaías Hort.

Quando se casou, mudou-se para o bairro Dom Joaquim e parou de trabalhar, época de dedicar-se somente à família que acabara de formar. Em 1982, ela e o marido resolveram abrir uma loja de roupas, nascia ali a Alecesar, que leva partes dos nomes dos dois primeiros filhos Alessandra e Cesar. A filha mais nova, Tamires, ainda não era nascida, mas anos depois, também teve seu nome estampado nas filiais do comércio da família em Botuverá e até mesmo outra unidade no próprio bairro Dom Joaquim.

No começo, a própria Ivonete produzia roupas para abastecer seu comércio, desde conjuntos infantis, uniformes escolares e até encomendas da clientela do bairro. “Começamos com pouca coisa na loja, depois passamos a comprar mais produtos e trazer outros segmentos. Hoje trabalhamos com confecção desde bebê, infantil e adulto masculino e feminino, calçados e cama, mesa e banho”, revela.

O comércio sempre foi na mesma rua, mudando duas vezes de ponto na Rua do Cedro. Os três filhos do casal, cresceram dentro da loja, vendo os pais se dedicarem diariamente no atendimento aos clientes. Há 18 anos, Isaías montou um comércio de empreendimentos e deixou a Alecesar sob a responsabilidade de Ivonete. E mesmo que no começo ela tenha se sentido um pouco apreensiva, já que até então dividia tudo com o marido, preocupações e afazeres, tirou de letra a ausência de Isaías no negócio, e tratou de se manter firme e determinada à frente da Alecesar.

Hoje ela divide a administração da loja com as filhas Alessandra e Tamires, e atende os clientes que fazem questão de serem recebidos por ela. Na equipe conta com mais quatro colaboradoras, formando um time de mulheres ágeis e prontas para dar o melhor atendimento. O comércio ficou tão conhecido no bairro Dom Joaquim, que há clientes que compram na Alecesar desde que a loja abriu as portas. Além disso, é muito comum os filhos e até mesmo netos desses primeiros e fiéis clientes, também comprarem no local, como uma espécie de tradição, que passa de pai para filho.

“Mesmo com 36 anos de loja, estamos sempre aprendendo. Eu digo sempre para as minhas meninas, que o desafio é diário, o aprendizado também e sempre é possível melhorar. Hoje as mulheres estão em todos os lugares, cada vez mais ocupando espaços importantes e mudando, de uma vez por todas, aquela imagem de mulher que só fica dentro de casa. Mas, para isso, é preciso determinação e muito amor pelo que se faz”, comenta.

Clientes fazem questão de serem atendidos pela empresária

Determinação para seguir em frente
Quem entra na loja Elo Z, no Centro de Brusque, tem a sensação de literalmente estar em uma foto de revista, ou cena de novela, diante da harmonia com que cada peça ou produto está exposto em seu lugar. E a responsável por tanto bom gosto na escolha de cada item dessa loja de decoração é uma mulher, determinada em fazer dar certo um negócio que começou há 26 anos.

Nádia Zendron era funcionária concursada da Caixa Econômica Federal quando teve sua terceira filha. E, diante de uma rotina engessada de trabalho, ela se viu no dilema de deixar as atividades no banco, e dedicar-se à família. Escolheu a segunda opção e ficou seis anos fora do mercado de trabalho. Passado esse tempo, resolveu montar uma loja com produtos que ela sempre gostou de escolher e comprar.

Nascia então a Zendron Cama, Mesa e Banho, localizada no centro comercial Geschafthaus, na rodovia Antônio Heil. “No começo, os produtos eram exclusivos da marca Buettner. Tanto que por muito tempo, junto à placa com o nome da loja, havia outra menor da própria Buettner, que me consignava mercadoria e eu prestava contas a cada final de mês. Depois de alguns meses, o sistema mudou e fui percebendo que somente com os produtos da Buettner não dava para tocar a loja. Os produtos não eram suficientes para que o público entrasse na loja e saísse satisfeito. Então comecei a colocar multimarcas, Karsten, Altenburg, Cremer, enfim, marcas que seguiam a tradição da loja: produtos de cama mesa e banho”, conta.

Embora a loja tivesse um segmento específico, Nádia acabava levando elementos de decoração da própria casa para montar as vitrines. Louças, vasos e outras peças compunham os cenários criados com os produtos que eram vendidos na loja. Em 1998, seis anos após a abertura, a Zendron se mudou para o Centro da cidade, e se instalou na Galeria Jaçanã. “Continuamos com os produtos de cama, mesa e banho, mas eu sentia a necessidade de inserir algo de decoração. Até cheguei a colocar algumas louças, mas isso não supria a procura”, comenta.

Algum tempo depois, o setor de decoração se tornou realidade com a mudança da loja para o coração da avenida mais famosa de Brusque, a Cônsul Carlos Renaux. E a Zendron Cama Mesa e Banho surgia com um novo nome, Elo Z, marcando o início de uma sociedade que se manteve por cerca de dois anos. Após esse período, Nádia permaneceu com a loja, dando sequência ao sonho que sempre teve, de investir ainda mais no setor de decoração. “Continuei a loja com minha filosofia de trabalho, sempre buscando coisas novas e diferentes, sempre procurando sentir o que o mercado estava precisando” enfatiza.

Hoje, Nádia administra todo o negócio e escolhe 100% dos produtos que estão na loja. Sua equipe é formada por 10 pessoas, todas mulheres. “Nosso principal desafio é sempre trazer coisas diferentes e prezar por um atendimento de excelência. Também estamos estudando a possibilidade de montar um Ecommerce, procurando nos adaptar àquilo que o mercado espera do comércio. Temos conseguido resultados com esse nosso jeito de trabalhar, nesse aspecto do diferencial, diferencial de produto, diferencial de atendimento. E penso que isso é de suma importância para mantermos os clientes, muitos que estão conosco desde que abrimos, há 26 anos”, ressalta.

Sobre a mulher como líder no comércio, Nádia diz ser de suma importância, já que em sua percepção, a mulher tem um olhar e um jeito de administrar diferentes do homem. “O homem vê o mundo de uma forma e a mulher de outra. Não que a visão dela seja a certa e a dele errada. Mas acho importante a mulher estar à frente para fazer acontecer aquilo que ela pensa. Se a pessoa não está à frente do seu negócio, talvez não consiga fazer tudo o que poderia e gostaria de fazer. A mulher tem mais sensibilidade, uma forma diferente de ver as coisas. E também é uma questão de realização pessoal. O mundo mudou completamente, hoje as mulheres da atualidade não ficam em casa, estão sempre em busca de uma realização profissional, às vezes, nem por necessidade, mas para se realizar mesmo”, completa.

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